O bairro de São Francisco, na região central de São Sebastião, conhecido pela pesca e tradição caiçara, acaba de receber dois importantes equipamentos culturais. O Centro Cultural de São Sebastião “Batuíra” e o Espaço de Cultura Adélia Barsotti foram inaugurados pela Administração Municipal na tarde de sábado, dia 16 de abril.
Cinco importantes famílias do bairro foram homenageadas, dando aos novos espaços os nomes de figuras com relevante participação na história sebastianense. Através delas, registrou-se o orgulho de toda a comunidade caiçara, presente em grande número na cerimônia de abertura.
A secretária de Cultura e Turismo, Marianita Bueno, abriu as falas com agradecimentos ao departamento de Planejamento da Secretaria de Habitação e Planejamento (Sehab), pelo empenho nas obras e execução dos projetos.
Marianita lembrou ao público que desde a inauguração do Teatro Municipal nenhum outro equipamento foi entregue ao município, há quase 10 anos. Outra informação é que somente na atual gestão a cultura tradicional foi inserida nas Oficinas Culturais, com aulas de caxeta, taboa, entalhe na madeira, entre outras. “Tenho orgulho da atenção do prefeito Ernane à cultura local e agradeço o respeito à arte caiçara. Investir neste resgate não é gasto e sim, acreditar no futuro de nossa cidade”.
Morador do bairro de São Francisco, o vereador Ernaninho falou sobre a qualidade das obras e do incentivo ao turismo local. “O povo caiçara é maravilhoso e sabe receber o turista, além de ter muita história para contar”, disse Ernaninho, reiterado pelos vereadores Mauricio Bardusco e Marcos Tenório. “Espero que esta inauguração marque o início da recuperação da cultura caiçara”, acredita Tenório.
“A identidade caiçara está sendo resgatada não só neste bairro típico, mas também na nossa história. Os sebastianenses estão de parabéns por estes presentes”, comemorou o presidente da Câmara, Artur Balut.
Autoestima
Para o prefeito de São Sebastião, Ernane Bilotte Primazzi, a presença de um grande público ao evento mostra o quanto a população acredita em sua cultura. “A comunidade esperava por isso e apostar na tradição é elevar a autoestima das pessoas. O presente tem importância quando conhecemos o passado”, disse o prefeito.
Em seu discurso, Ernane enumerou as ações voltadas ao bairro, como a pavimentação das ruas Simeão Caldeira, Paraná e Sergipe; a recuperação da ponte; a reforma do posto de saúde e a reformulação do Clube do 7, hoje Núcleo de Atendimento da Assistência Social da Setradh (Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Humano), com diversos serviços à disposição dos moradores, a exemplo dos Correios.
“Também trabalhamos em conjunto com os pescadores para a construção não só do píer de pesca, como do píer de turismo, agora que as licenças ambientais foram liberadas”, conta o chefe do Executivo. As intervenções devem iniciar ainda no segundo semestre deste ano.
Outra melhoria significativa anunciada é o restauro do Convento Franciscano Nossa Senhora do Amparo. “Estamos dando passos firmes, recuperando o que está errado e fazendo coisas novas, pois esta é a nossa função”, reforçou Ernane.
Após as considerações, representantes das famílias homenageadas receberam pequenas panelas de barro como lembranças e, junto às autoridades, descerraram as placas e fitas inaugurais das salas de música, dança, artes e auditório. Enquanto os presentes conheciam as novas instalações, a Folia de Reis do Morro do Abrigo entoava canções tradicionais.
Novos espaços e homenagens
O Espaço de Cultura Adélia Barsotti foi o primeiro a ser inaugurado. Nele estará abrigada a reserva técnica do departamento arqueológico do município, atualmente com cerca de 100 mil peças. O Espaço possui uma sala adequada a exposições de artes plásticas, para artistas de São Sebastião, do Litoral Norte e de todo o estado. Para a abertura, está instalada a exposição “Retorno – Reflorestamento e Poda”, da artista plástica Fafá.
Adélia Barsotti ficou conhecida pela confecção de cerâmica e como a última paneleira de barro da região, detentora de técnicas diferenciadas e pouco conhecidas. Antes de falecer, conseguiu preservar a técnica dos escravos às futuras gerações.
No Centro Cultural Batuíra, o Auditório Beatriz Puertas tem 45 lugares. O primeiro espetáculo do local foi a apresentação do Coral Municipal Sinézio Pinheiro, na estreia da regente Selma Boragian, da Universidade de São Paulo (USP). Na sequencia, houve uma extensa programação com música e dança.
Poetisa, Beatriz Puertas foi reconhecida como cidadã sebastianense pelos serviços prestados como assistente de um dos primeiros médicos da região. Também recebeu diversas premiações no concurso de poesias Nhô Bento.
A Sala de Música Casemiro dos Santos homenageia um dos tocadores de marimba da Congada de São Benedito, apaixonado por baralho e conhecido pescador. Hoje com 87 anos, estava presente para descerrar a fita da sala que leva seu nome.
Antonio Bernardino Tavares, o Bigode, deu nome à Sala de Dança do Batuíra. Bigode tornou-se Rei da Congada em reconhecimento aos esforços para resgatar a rica cultura local.
A Sala de Artes traz o nome de Benedita Rosalina Teixeira, atualmente com 88 anos. Exemplo de garra e determinação, Dona Dita transforma o quintal de sua casa no “Arraiá da Vó Dita” nas festas de julho; um ponto de encontro de amigos .
Emoção
Parentes dos homenageados deram ainda mais emoção ao evento. Dionélia da Ressurreição, filha de Adélia Barsotti, levou a filha e o marido para prestigiar o novo espaço. “Achei tudo ótimo, estou muito contente pela homenagem e bateu uma saudade dela...Estou feliz porque ela merecia isso, pois trabalhou muito durante sua vida”, conta Dionélia.
Olga Teixeira, de 67 anos, filha de Benedita Rosalina Teixeira, estava radiante. “É tudo maravilhoso demais e não tenho palavras! Agradeço ao prefeito e a todos os envolvidos, pois estou muito realizada”. Para ela, o mais importante é ainda poder contar à mãe o que viu. “Infelizmente nem todos podem chegar em casa e contar ao parente homenageado o quanto tudo está lindo. Eu ainda tenho esta alegria e espero que Deus abençoe todos os outros”.
Assim que possível, Olga prometeu trazer a mãe Benedita para conhecer a Sala de Artes que recebeu seu nome, mesmo na cadeira de rodas. “Sei que o espaço é totalmente adaptado, tem acessibilidade, e isso facilita bastante”, revela.
O irmão mais velho de Beatriz Puertas, Manuel Puertas, de 91 anos, e a irmã Mercedes Puertas, de 76, uniram-se a netos e sobrinhos pela memória da poetisa. “Adorei o auditório e gostaria que ela estivesse aqui. É mais uma forma de lembrarmo-nos dela”, disse emocionada a irmã Mercedes.
Interessados em participar das oficinas a serem oferecidas no Centro Cultural podem se inscrever na Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur), em horário comercial. O início das aulas no Batuíra está previsto para aproximadamente duas semanas.
Serviço: A Sectur fica na Avenida Altino Arantes, nº 174, no Centro Histórico de São Sebastião. Telefone (12) 3892.2620.
Fonte: Depto de Comunicação
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