Circuito Cultural Paulista: São Sebastião fecha parceria com Estado e traz a ópera La Traviatta

11/05/2011 10:02

A atual Administração, após fechar contrato com a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, trará para o Teatro Municipal, dentro do Circuito Cultural Paulista, o projeto “Circulando Ópera”.

Com grande produção, o espetáculo “La Traviatta”, já tem data marcada para ocorrer: 4 de agosto, com início previsto para às 20h, com pouco mais de uma hora de duração.

Segundo informou a secretária de Cultura e Turismo, Marianita Bueno, a parceria Município/Estado tem por objetivo trazer aos  munícipes todos os segmentos da cultura. De acordo com ela, São Sebastião e outros municípios tiveram a oportunidade de receber a ópera Carmem, sucesso de público no ano passado, e diante da expressividade do espetáculo, solicitaram a continuidade de apresentações de óperas, através do Circuito Cultural Paulista. “Fomos atendidos”, disse Marianita, “e receberemos La Traviatta, de Giuseppe Verdi, por meio do  Circulando Ópera, já  assinado pelo prefeito Ernane Primazzi”, acrescentou a secretária.

França

“La Traviata” é baseada na história real da prostituta Marie Duplessis, uma das musas da alta sociedade parisiense na década de 1840. O próprio Dumas Filho foi seu amante e passou com ela um verão numa das residências do seu pai, o consagrado escritor Alexandre Dumas, autor de “Os Três Mosqueteiros’, até hoje o mais conhecido romance de capa e espada.
A peça se passa na França, na década de 1840, durante o governo de Luís Felipe, apelidado como “rei burguês” ou “rei dos banqueiros”. A tônica do seu reinado é expressada satiricamente na idéia “enriquecei-vos”, uma resposta dada por um dos seus ministros quando interpelado sobre o voto universal. 
Na França, a revolução industrial decolou na década de 1830. Nesse momento, o voto era determinado pela renda dos indivíduos (voto censitário). Portanto, só uma elite composta pelos antigos aristocratas e uma parcela da burguesia tinha direito ao voto. Na bolsa de valores a especulação era desenfreada; muitas fortunas surgiam da noite para o dia e os novos milionários eram agraciados pelo rei com títulos de nobreza. Assim o monarca satisfazia a ambição da burguesia em assemelhar-se à nobreza que antes combatera. Por sua vez, a nobreza hereditária anterior à Revolução Francesa (1789), começava a entender que a alta burguesia era sua aliada e que o maior inimigo das duas era o povo. 
A alta burguesia copiava da nobreza o modelo da educação, colocava seus filhos nas mesmas escolas e frequentava os mesmos ambientes, quer fossem festas, exposições de arte, teatros de ópera ou palacetes do prazer. A diferença fundamental entre a nobreza tradicional e alta burguesia nesse momento é que a burguesia defende o progresso econômico, dirige os seus negócios industriais, comerciais ou financeiros e dedica menos tempo ao ócio. A ética burguesa é baseada no lucro, na vida familiar, nos hábitos severos, na dignidade do trabalho e do esforço. 

Atos

Em “La Traviata”, no primeiro ato, Alfredo Germont, um burguês originário da Provença, região do sul da França, é levado por um amigo ao palacete de Violetta, que na cena está cercada pelo marquês D' Obigny e pelo barão Douphol. Os homens vestem casacas pretas, não sendo possível diferenciá-los socialmente pela roupa e pelas maneiras. 
No segundo ato, Alfredo e Violetta convivem na casa de campo dela. Subitamente Violetta recebe a visita do pai de Alfredo (Giorgio), que pede a ela que se afaste do filho, para não comprometer o casamento da irmã de Alfredo, cujo noivo ameaçava romper o compromisso por causa do comportamento escandaloso de Alfredo ao viver com uma cortesã. A atitude do pai de Alfredo para preservar a honra da família transcorre dentro dos padrões da ética burguesa. Violetta, por sua vez, ao aceitar o pedido do pai de Alfredo, sacrifica o seu amor pela honra da família e retorna à vida mundana de Paris.
No terceiro ato, em estado terminal provocado pela tuberculose, Violetta recebe uma carta do pai de Alfredo; com remorso da sua atitude anterior, o pai de Alfredo contou ao filho a sua trama e a aceitação de Violetta para manter a honra da família. Porém, o perdão do pai e o retorno de Alfredo não trouxeram de volta a saúde de Violetta que morre em seguida. 

Burguesia

Quando a burguesia assistiu a ópera, viu a sua ética ferida no perdão do pai de Alfredo. Jamais seria aceita a união de um jovem burguês com uma cortesã. Para aquela sociedade as prostitutas de luxo eram mercadorias descartáveis, que deviam ser substituídas após o uso.
“La Traviata” fracassou na estreia. A atitude hostil do público foi provocada pelo fraco desempenho dramático e musical dos cantores, o que evidenciou o desvio da ética burguesa contido no enredo. No ano seguinte, quando a ópera foi reapresentada, o novo elenco destacou o sacrifício de Violetta como o elemento principal do drama e então a ópera  tornou-se um sucesso.

Unificação
Verdi foi o mais importante compositor italiano do século 19. A trajetória da sua carreira foi ligada ao processo de unificação da Itália, verificado entre 1815 a 1870. Verdi compôs várias óperas cujos enredos eram nacionalistas. Para driblar a rigorosa censura da época, as histórias nem sempre se passavam na Itália, mas os coros guerreiros e patrióticos eram perfeitamente compreendidos quando observados isoladamente. Os italianos então passavam a cantá-los pelas ruas.
Nas principais cidades italianas, cada vez que uma das óperas de Verdi era apresentada, os muros apareciam pichados com a inscrição “Viva Verdi”, que celebrava o compositor e ao mesmo tempo era a sigla para “Vitório Emanuel Rei Da Itália”. 
A unificação italiana teve uma fase entre 1815 e 1848 com participação expressiva dos republicanos; porém, foi a monarquia do reino do Piemonte e Sardenha, encabeçada pelo conde de Cavour, primeiro ministro do rei Vitório Emanuel, que concretizou o projeto entre 1848 e 1870.

Serviço: O espetáculo tem duração de 1h25m e será encenado no dia 4 de agosto, às 20h, no Teatro Municipal, sito à avenida Dr. Altino Arantes, 2, no Centro.

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